CAMINHOS CRUZADOS - Cap 7

CAP 7

TÃO LOGO CHEGOU A CASA GUSTAVO PROCUROU PELO AMIGO, MAS O Dr. PAULO AINDA NÃO HAVIA CHEGADO. TOMOU UMA CHUVEIRADA E NÃO RESISTINDO A ANSIEDADE PEGOU O TELEFONE E LIGOU.

'-ALÔ, Dr. PAULO FALANDO.'
'-PAULO, ONDE VOCE ESTÁ?'
'-NO HOSPITAL, POR QUÊ?'
'-VOCE VAI FAZER ALGUMA COISA ESTA NOITE?'
'-NÃO, A REBECA ESTÁ DE PLANTÃO. POR QUÊ?' PERGUNTOU PAULO CURIOSO.
'-ENTÃO EU VOU PREPARAR ALGUMA COISA PRA NÓS JANTARMOS. EU PRESCISO CONVERSAR. TENHO QUE SABER MAIS ALGUMA COISA SOBRE AQUELA MULHER.' FALOU GUSTAVO COM ANSIEDADE NA VOZ.
'-QUE MULHER?' PERGUNTOU O HOMEM DO OUTRO LADO DO TELEFONE.
'-AMANDA, AQUELA MULHER DE HOJE CEDO.'
'-AH! TÁ BOM, ATÉ MAIS.' PAULO NÃO EXPRIMIU NENHUMA EMOÇÃO NA VOZ.

OS DOIS AMIGOS DIVIDIAM O APARTAMENTO HÁ QUASE QUINZE ANOS. ELES ERAM AMIGOS DE INFANCIA. OS PAIS DE AMBOS ERAM VIZINHOS NA PEQUENA COLINÓPOLIS, UMA DAS CIDADES SITUADAS NAS MONTANHAS QUE RODEAVAM O VALE ONDE FICAVA SANTA LUZIA.
QUANDO PAULO DECIDIU PRESTAR VESTIBULAR PARA MEDICINA SEUS PAIS DEFINIRAM QUE ELE TERIA QUE SE MUDAR PARA O VALE. POIS A FACULDADE SANTA LUZIA ERA A MELHOR DO PAÍS. GUATAVO JÁ ESTAVA DECIDIDO A SEGUIR A CARREIRA ARTISTICA E TAMBÉM TERIA QUE SE MUDAR PARA UM GRANDE CENTRO. ENTÃO NÃO FOI DIFICIL SE DEFINIREM POR UM APARTAMENTO PARA OS DOIS. FIZERAM A PESQUISA DE MERCADO E ESCOLHERAM O APARTAMENTO DE DOIS QUARTOS SITUADO NO CENTRO DA CIDADE. SERIA COMODO PARA PAULO QUE PODERIA IR À PÉ PARA FACULDADE E NÃO REPRESENTARIA DIFICULDADE PARA GUSTAVO QUE SONHAVA TRABALHAR NA TV SERRANA. O IMÓVEL FOI ADQUIRIDO EM NOME DOS DOIS E AS DESPESAS ERAM DIVIDIDAS MEIO-A-MEIO. ELES SE ENTENDIAM MUITO BEM E ATÉ AQUELE MOMENTO NÃO HAVIAM SENTIDO NECESSIDADE DE SE SEPARAREM.
GUSTAVO TINHA CERTEZA DE QUE QUANDO CONHECESSE A MULHER IDEAL IRIA QUERER DIVIDIR O APARTAMENTO COM ELA. REALMENTE ELE NÃO ENTENDIA COMO PAULO PODIA PREFERIR CONTINUAR MORANDO COM ELE A DIVIDIR O APARTAMENTO COM REBECA. MAS... NA VERDADE ELE NÃO ENTENDIA MUITO BEM AQUELE RELACIONAMENTO. ACHAVA MEIO DOENTIO. ELE A TRAÍA, ELA SABIA, MAS ELES VIVIAM COMO SE NADA ESTIVESSE ACONTECENDO. A FELICIDADE E O RESPEITO PELA COMPANHEIRA ERAM DOIS DOS SENTIMENTOS QUE GUSTAVO MAIS PRESAVA NUMA RELAÇÃO.
ENTROU NA COZINHA E COMEÇOU A PREPARAR O MACARRÃO AOS QUATRO QUEIJOS QUE ERA UMA DE SUAS ESPECIALIDADES. ELE ADORAVA COZINHAR E O FAZIA MUITO BEM. COLOCOU UM VINHO TINTO PARA GELAR E LIGOU O RÁDIO ONDE TOCAVA UMA BALADA AMERICANA DOS ANOS CINQUENTA.
QUANDO PAULO CHEGOU O MACARRÃO ESTAVA QUASE PRONTO. GUSTAVO SENTADO NA POLTRONA DA SALA OUVIA MÚSICA E SABOREAVA O VINHO.

'-OLÁ, QUE FOLGA HEIM!'
'-ESTÁ QUASE PRONTO. SÓ ESTAVA ESPERANDO VOCE CHEGAR PARA PREPARAR O MOLHO.'
'-BOM, EU VOU TOMAR UMA CHUVEIRADA RÁPIDA ENQUANTO VOCE TERMINA, OK!?'
'-OK!'

OS DOIS AMIGOS SENTARAM A MESA DIANTE DE UMA TRAVESSA DE MACARRÃO E UMA GARRAFA DE VINHO TINTO E COMEÇARAM A COMER.

'-NOSSA! TÁ BOM DEMAIS!' ELOGIOU PAULO.
'-É, ESSA MACARRONADA É MINHA ESPECIALIDADE.'
'-SABE DE UMA COISA. SE VOCE NÃO TIVESSE DADO CERTO COMO ATOR PODERIA TER ABERTO UM RESTAURANTE. IRIA FAZER O MAIOR SUCESSO.'
'-NÃO. EU GOSTO DE COZINHAR SOMENTO QUANDO ESTOU COM VONTADE. MAS SE CAIR NA ROTINA PERDE A GRAÇA.'

OS DOIS COMERAM ATÉ SE SENTIREM SATISFEITOS. PAULO LEVANTOU-SE E COMEÇOU A RETIRAR OS PRATOS DA MESA.

'-PAULO. FALE-ME MAIS SOBRE AQUELA MULHER. QUEM É ELA?'
'-EU JÁ DISSE, AMANDA.' RESPONDEU PAULO IRRITADO.
'-POR FAVOR. EU ESTOU LOUCO POR ELA. PENSEI NESTA MULHER O DIA INTEIRO.'
'-AMANDA UPSON. CARDIOLOGISTA.ELA NÃO É CASADA. ALIAS, ELA ACABOU DE ROMPER O RELACIONAMENTO COM O CHEFE DA CIRURGIA CARDÍACA O PROFESSOR PEDRO ANTONIO.'
'-QUER DIZER QUE ELA ESTÁ SOZINHA!' EXCLAMOU GUSTAVO EXULTANTE.
'-ESTÁ.'
'-VOCE FALOU QUE ELA É AMIGA DA REBECA....'
'-AMIGA, NÃO. ELA É A MELHOR AMIGA.' INTERROMPEU PAULO.
'-ENTÃO, PUXA VOCE BEM QUE PODIA ME APRESENTA-LA.'
'-NÃO SEI, NÃO. ELA NÃO VAI MUITO COM A MINHA CARA...'

GUSTAVO NÃO DEIXOU O AMIGO TERMINAR.

'-AH! VAI, FALA COM A REBECA. NÃO CUSTA NADA TENTAR. POR FAVOR, EU ESTOU LOUCO POR ELA!'

A INSISTENCIA DO AMIGO NÃO LHE DEIXOU ESCOLHA E PAULO TEVE QUE CONCORDAR.

'-EU VOU TENTAR. MAS NÃO PROMETO NADA.'
'-VALEU AMIGÃO.'

ELES PERMANECERAM SENTADOS NA VARANDA DO APARTAMENTO ATÉ TERMINAREM A GARRAFA DE VINHO. PAULO DISCURSAVA SOBRE A SUA ÚLTIMA CONQUISTA, E GUSTAVO ESCUTAVA O AMIGO, MAS, SEUS PENSAMENTOS ESTAVAM LONGE...