CAP 9
ERAM QUASE ONZE HORAS DA MANHÃ QUANDO A CAMPAINHA TOCOU ESTRIDENTE. AMANDA ACORDOU NUM SOBRESSALTO. ESTAVA MEIO ATORDOADA. OLHOU PARA O RELÓGIO NA CABEÇEIRA QUE MARCAVA 10:45. A CAMPAINHA TOCOU NOVAMENTE.
'-JÁ VAI.' GRITOU AMANDA AINDA MEIO ADORMECIDA.
VESTIU O ROBE POR CIMA DA CAMISOLA E FOI ATENDER A PORTA.
'-ACORDA DORMINHOCA.' FALOU REBECA.
'-PUXA, COMO É QUE VOCÊ CONSEGUE? A QUE HORAS VOCÊ ACORDOU?'
'-LÁ PELAS NOVE. E OLHA QUE EU DORMI MUITO MAIS TARDE DO QUE VOCÊ, O PAULO ME ARRASOU ONTEM A NOITE. EU ESTOU ATÉ BAMBA.'
'-É MESMO, HUM!!! O QUE VOCÊS FIZERAM DE TÃO INTERESSANTE?'
'-VOCÊ NEM IMAGINA... SESSENTA E NOVE, VINTE E UM, QUARENTA E QUATRO... UMA AULA DE ALGEBRA INTEIRA.'
AS DUAS AMIGAS RIRAM BASTANTE. ELAS SEMPRE TIVERAM UMA INTIMIDADE COMPLETA. NÃO HAVIA SEGREDOS ENTRE ELAS. DISCUTIAM TUDO. ATÉ DETALHES ÍNTIMOS DE SEUS RELACIONAMENTOS. ERA UMA CUMPLICIDADE MUITO GRANDE.
'-E VOCÊ?' PERGUNTOU REBECA CHEIA DE MALICIA NA VOZ.
'-EU O QUE?' FALOU AMANDA FINGINDO INDIFERANÇA E SE DIRIGINDO AO BANHEIRO PARA SUA TOALETE MATINAL.
'-VOCÊ FINGE MUITO MAL. COMO FOI O SEU RESTO DE NOITE?'
'-NADA DEMAIS. ELE ME DEIXOU EM CASA E NÓS TROCAMOS TELEFONES.' FALOU AMANDA COM A BOCA CHEIA DE PASTA DE DENTE.
'-SÓ.' REBECA ESTAVA DESAPONTADA.
'-PORRA, REB! O QUE MAIS VOCÊ QUERIA?'
'-SEI LÁ, NO MÍNIMO UM BEIJO. VAI ME DIZER QUE VOCÊ NÃO ESTÁ DOIDA POR UMA BOA TRANSA? AFINAL SÃO QUASE CINCO MESES DESDE QUE VOCÊ ROMPEU COM O PEDRO...'
'-É CLARO QUE ESTOU! MAS NÃO NO PRIMEIRO ENCONTRO. VOCÊ SABE QUE COMIGO NÃO É ASSIM QUE FUNCIONA. EU PRESCISO DE ALGO MAIS...'
'-PUTA QUE PARIU! NÓS ESTAMOS NO FINAL DO SÉCULO VINTE, SOMOS MULHERES LIBERADAS, ADULTAS. O QUE MAIS VOCÊ PRESCISA, ALÉM DE TESÃO, PRA IR PRA CAMA COM UM HOMEM? VOCÊ NÃO VAI CASAR COM ELE, É SÓ UMA TRANSA!'
'-EU NÃO VOU DISCUTIR ISTO. VOCÊ SABE DAS MINHAS CONVICÇÕES.'
'-TUDO BEM, DESCULPA. É QUE EU NÃO CONSIGO ENTENDER. MAS... O QUE VOCÊ ACHOU DELE?'
'-ENCANTADOR, BONITO, UM CAVALHEIRO. SABIA QUE ELE ABRIU A PORTA DO CARRO PRA MIM, E ME DEU UM BOTÃO DE ROSAS. HÁ QUANTO TEMPO NÃO VEMOS UM HOMEM FAZER ISTO?' ELA ABRIU UM SORRISO ENIGMÁTICO QUE NÃO PASSOU DESPERCEBIDO DA AMIGA.
'-O QUE FOI?' PERGUNTOU CURIOSA REBECA
'-SABE DE UMA COISA. EU FIQUEI LOUCA DE VONTADE DE QUE ELE ME BEIJASSE. ELE TEM CARA DE QUE BEIJA BEM PRA CARAMBA.'
REBECA NÃO PODE DEIXAR DE RIR.
'-É, TEM MESMO.'
'-OLHA. VOCÊ É UMA MULHER CASADA.'
'-E DAÍ, SÓ POR ISSO NÃO POSSO APRECIAR AS BOAS COISAS DA VIDA?'
AS AMIGAS RIRAM. DESDE QUE ELAS SE CONHECIAM TINHAM UM CÓDIGO DE AVALIAÇÃO DOS HOMENS. DISCUTIAM SUAS QUALIDADES, ATRAVÉZ DE CÓDIGOS QUE SÓ ELAS CONHECIAM E SEMPRE SE DIVERTIAM MUITO.
'-ACHO QUE ELE É SÊNIOR.' FALOU REBECA AINDA RINDO.
'-COM TODA CERTEZA. TAMBÉM NA PROFISSÃO DELE, QUE EXPERIENCIA! A PROPÓSITO NÓS TROCAMOS TELEFONES E FICAMOS DE JANTAR JUNTOS NOVAMENTE.'
FOI SÓ ENTÃO QUE AMANDA SE LEMBROU DE QUE ESTAVA PROGRAMANDO UMA VIAGEM. FEZ UM AR DE PREOCUPAÇÃO.
'-O QUE FOI?'
'-ME ESQUECI DE QUE VOU TIRAR FÉRIAS?'
'-UÉ, QUAL O PROBLEMA? CONVIDE-O PARA IR JUNTO.' FALOU REBECA JÁ ESTOURANDO DE TANTO RIR.
'-SEM COMENTÁRIOS.' AMANDA FALOU SÉRIA.
'-TÔ BRINCANDO. OLHA POR MAIS QUE VOCÊ SEJA RÁPIDA NÃO VAI CONSEGUIR VIAJAR ANTES DA PRÓXIMA SEMANA. DÁ PRA JANTAR COM ELE ANTES.'
'-É, VOCÊ TEM RAZÃO.'
PAULO FOI PRA CASA DEPOIS DE PASSAR PELO HOSPITAL PARA SE CERTIFICAR DE QUE ESTAVA TUDO EM ORDEM. CHEGOU AO APARTAMENTO E VERIFICOU QUE O AMIGO JÁ ESTAVA ACORDADO.
'-OLÁ.'
'-OI AMIGÃO. COMO FOI A NOITE?' INDAGOU PAULO
'-ÓTIMA.'
'-ISTO QUER DIZER O QUE?'
'-QUER DIZER QUE EU CONHECI UMA MULHER MARAVILHOSA, ENCANTADORA, UMA DAMA. E QUE NÓS VAMOS JANTAR QUALQUER NOITE DESSAS.'
'-RESUMINDO, NÃO ROLOU NADA.' FALOU PAULO DESANIMADO.
'-DEPENDE DO PONTO DE VISTA...'
GUSTAVO FOI INTERROMPIDO PELO AMIGO.
'-DEPENDE DO PONTO DE VISTA NADA. APOSTO QUE VOCÊ NÃO CONSEGUIU NEM MESMO BEIJÁ-LA'
'-MAS CONSEGUI COISAS MELHORES. ELA NÃO É UMA MULHER QUALQUER. E PRA FALAR A VERDADE EU ADOREI. ESTOU FARTO DESTES RELACIONAMENTOS RESTAURANTE-CAMA. QUERO ALGO MAIS. E SEI QUE ELA TEM ALGO MAIS.'
'-PRONTO, BROCHOU. JÁ TÁ FALANDO IGUALZINHO A AMANDA.'
'-VOCÊ SÓ PENSA EM SEXO. EU QUERO ALGO MAIS. TÔ ADORANDO TER QUE CONQUISTÁ-LA.' FALOU SONHADOR.
'-VAMOS ALMOÇAR NO SERRANO.' PERGUNTOU PAULO DESVIANDO O ASSUNTO, E GUSTAVO CONCORDOU.
O PLANTÃO ESTAVA INCRIVELMENTE TRANQUILO QUANDO O TELEFONE DE AMANDA TOCOU.
'-Dra. AMANDA FALANDO.'
'-OLÁ! É O GUSTAVO.' ELE NEM PRESCISAVA TER SE IDENTIFICADO, POIS ELA RECONHECEU A VOZ PRONTAMENTE.
'-OI, TUDO BEM?'
'-MUITO TRABALHO?'
'-NÃO. ESTÁ INCRIVELMENTE CALMO POR AQUI.'
'-E AQUELE JANTAR? ESTÁ DE PÉ?'
'-CLARO! QUE TAL SE FOSSE NA QUARTA?'
'-TÃO LONGE... MAS... TUDO BEM, QUARTA.'
'-TE ESPERO AS OITO, TUDO BEM?'
'-PRA MIM ESTÁ ÓTIMO. A PROPÓSITO EU JÁ FALEI QUE ADOREI A NOITE DE ONTEM.'
'-UM MILHÃO DE VEZES.'
'-EXAGERADA.'
AMANDA DEU UMA GARGALHADA E FALOU.
'-EU TAMBÉM ME DIVERTI MUITO.'
'-BOM, ENTÃO ATÉ QUARTA.'
'-ATÉ.'
'-TCHAU! E... BEIJO A SUA MÃO.'
ASSIM QUE DESLIGOU AS COISAS ESQUENTARAM NO PRONTO-SOCORRO. FOI UM PLANTÃO MOVIMENTADO ATÉ QUASE UMA HORA DA MANHÃ. E ENTÃO TUDO SE ACALMOU. A RENDIÇÃO DE AMANDA CHEGOU POR VOLTA DAS SETE E QUINZE, ELA CORREU PRA CASA PARA TOMAR UM BANHO E DEPOIS IR PARA O AMBULATÓRIO. O DIA FOI CHEIO E A NOITE ELA TINHA UM COMPROMISSO IMPORTANTE. LIGOU PARA AMIGA PARA LEMBRÁ-LA.
'-REB, VOCÊ ESTÁ SE LEMBRANDO DA ASSEMBLÉIA?'
'-É CLARO. NOS VEMOS LÁ.'
ERA A ASSEMBLÉIA PARA DISCUSSÃO SOBRE A CENTRAL DE MÉDICOS. UM MOVIMENTO QUE VINHA CRESCENDO E GANHANDO FORÇA ENTRE OS PROFISSIONAIS DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO. ELES QUERIAM SE LIVRAR DO JULGO DOS CONVÊNIOS QUE PREJUDICAVAM O BOM EXERCÍCIO DA MEDICINA. A CENTRAL DE MÉDICOS ERA UMA TENTATIVA, MAS ESTAVA NO INÍCIO. E MUITA COISA AINDA PRESCISAVA SER ACERTADA, MUITAS PENDDÊNCIAS TERIAM QUE SER RESOLVIDAS ANTES DE COMEÇAR A FUNCIONAR.
'-COLEGAS, COLEGAS. ATENÇÃO! VAMOS COMEÇAR A SESSÃO.'
SEGUIU-SE A EXPLANAÇÃO DO PRESIDENTE DA "COMISSÃO PARA FORMAÇÃO DA CENTRAL DE MÉDICOS", QUE SERVIA PARA COLOCAR AS BASES DO PROJETO, SUA ESTRUTURA, OBJETIVOS. ELES ESTAVAM NA FASE DE ARREBANHAR ADEPTOS. PRESCISAVAM DO APOIO MACISSO DA CLASSE MEDICA PARA TOCAR O PROJETO. APÓS A EXPLANAÇÃO A SESSÃO FOI ABERTA PARA PERGUNTAS. FORAM QUASE DUAS HORAS DE DISCUSSÃO E NO FINAL FOI MARCADA UMA NOVA ASSEMBLÉIA PARA O PRÓXIMO MÊS.
'-O QUE VOCÊ ACHOU?' PERGUNTOU AMANDA.
'-PUXA, FIQUEI SUPER ANIMADA.' RESPONDEU REBECA.
'-NÃO É INTERESSANTE?'
'-MUITO, ACHO QUE NÓS DEMORAMOS DEMAIS A TOMAR ESTA ATITUDE. NÓS ESTAMOS SENDO PROSTITUÍDOS PELOS PLANOS DE SAÚDE HÁ ALGUM TEMPO. DETESTO FAZER A MEDICINA QUE EU FAÇO, ODEIO TER QUE PEDIR POR FAVOR, TER QUE IMPLORAR PARA REALIZAR UM EXAME NUM PACIENTE. É AVILTANTE.'
'-É ISTO MESMO. NÓS NÃO PODEMOS CONTINUAR ASSIM...'
REBECA INTERROMPEU FALANDO COM AR DE PREOCUPAÇÃO.
'-NÃO PENSE QUE SERÁ FÁCIL. VAMOS TER UM LONGO CAMINHO ATÉ VER A CENTRAL FUNCIONANDO. OS PLANOS DE SAÚDE VÃO JOGAR PESADO.'
'-EU SEI. É POR ISSO QUE PRESCISAMOS DIVULGAR. QUANTO MAIS MÉDICOS CONSEGUIRMOS CONQUISTAR PARA O MOVIMENTO, MAIS FORTE ELE FICA.' CONCORDOU AMANDA
'-ESTE É UM GRANDE PROBLEMA. A CAPACIDADE DE MOBILIZAÇÃO DA CLASSE MÉDICA É UMA DROGA...'
'-MAS MESMO ASSIM, ESTÁ É NOSSA ÚNICA ALTERNATIVA.'
'-VAMOS FALAR DE AMENIDADES. E O GUSTAVO?'
'-ME LIGOU ONTEM. VAMOS JANTAR NA QUARTA.'
'-QUE BOM. ESTOU TE ACHANDO ATÉ MAIS ALEGRE.'
'-EU ESTOU ÓTIMA.'
'-VOCÊ ESTA SE APAIXONANDO POR ELE?'
'-DE VERDADE? NÃO. MAS ESTOU ADORANDO CONHECÊ-LO.'
'-E A VIAGEM?'
'-NA PRÓXIMA SEGUNDA, FICO ATÉ DOMINGO.'
'-ELE VAI TAMBÉM?' PERGUNTOU REBECA CAINDO NA GARGALHADA.
'-ISTO EU ME RECUSO A RESPONDER.' E AMANDA ESTAVA ABSOLUTAMENTE SÉRIA QUANDO RESPONDEU, MAS NÃO DEMOROU A CAIR NA GARGALHADA TAMBÉM.
NA QUARTA-FEIRA PELA MANHÃ AMANDA RECEBEU UM TELEFONEMA DE GUSTAVO FIGUEIRA CONFIRMANDO O JANTAR.
'-ALÔ, AMANDA. É O GUSTAVO'
'-OI.'
'-ESTOU LIGANDO PRA SABER AONDE VOCÊ QUER JANTAR.'
AMANDA FICOU PENSATIVA DO OUTRO LADO DA LINHA DO TELEFONE E GUSTAVO VOLTOU A PERGUNTAR.
'-TÁ ME OUVINDO?'
'-É... SIM... ESTOU... NÃO SEI...'
'-NÃO SABE O QUE?'
'-NÃO SEI O LUGAR. HUM... VOCÊ ESCOLHE.'
'-OK! ENTÃO VOU FAZER A RESERVA NUM LUGAR BEM ESPECIAL.'
'-TUDO BEM.'
ATÉ AQUELE MOMENTO O JANTAR COM GUSTAVO TINHA FICADO EM SEGUNDO PLANO, ERA COMO UM COMPROMISSO DISTANTE. MAS AGORA... ERA PALPÁVEL. ERA ASSUSTADOR A FORMA COMO ELE A ASSEDIAVA. NÃO QUE ELA NÃO GOSTASSE. É CLARO QUE ERA MARAVILHOSO. SER DESEJADA... MAS ESTARIA PRONTA PARA UM NOVO RELACIONAMENTO? E... SERÁ QUE ELE QUERIA UM RELACIONAMENTO? OU APENAS UMA TRANSA? TODAS ESTAS DÚVIDAS CAIRAM SOBRE SUA CABEÇA, FAZENDO COM QUE UM MEDO DESPROPORCIONAL SE APODERASSE DELA.
DEPOIS QUE SAIU DO CIC ELA FOI DIRETO PRA CASA. COM UM BOM BANHO QUENTE ELA FICOU MAIS RELAXADA. CUMPRIU O RITUAL DE PASSAR HIDRATANTE NO CORPO E INICIOU O PENOSO TRABALHO DE ESCOLHER O QUE VESTIR. COMO O TEMPO HAVIA MUDADO E ESTAVA BASTANTE QUENTE ELA ACABOU OPTANDO POR UM MACACÃO DE SEDA PÉROLA. ERA UM CORTE DELICADO E CLÁSSICO, MAS COM A SUA FRENTE ÚNICA TINHA UM TOQUE DE SENSUALIDADE. NÃO HAVIA SEGUNDAS INTENÇÕES NESTA ESCOLHA, ELA IMPUNHA OS LIMITES COM A SUA PERSONALIDADE.
GUSTAVO CHEGOU PONTUALMENTE ÀS OITO HORAS. VESTIA UMA CALÇA PRETA DE LINHO E UMA CAMISA DE LINHA CINZA, MOCASSINS PRETOS E OS ÓCULOS DE AROS DOURADOS QUE LHE CAIAM MUITO BEM.
'-BOA NOITE.' FALOU AMANDA COM A VOZ ROUCA.
GUSTAVO DEMOROU UMA FRAÇÃO DE SEGUNDOS PARA RESPONDER, POIS FICARA ESTUPEFADO DIANTE DA VISÃO QUE SE LHE APRESENTAVA.
'-BOA NOITE. VOCÊ ESTÁ... ESTÁ... FABULOSA.' FALOU ENQUANTO BEIJAVA-LHE A MÃO E LHE PRESENTEAVA COM UM BOQUE DE ROSAS QUASE DA COR DE SUA ROUPA. AMANDA NÃO PODE DEIXAR DE SORRIR DIANTE DA ATITUDE DELE.
'-O QUE FOI? PORQUE ESTÁ RINDO?'
'-EU NÃO CONSIGO DEIXAR DE ACHAR GRAÇA. VOCÊ É UM HOMEM EXÓTICO, SABIA?'
'-SÓ PORQUE PROCURO RECUPERAR A GENTILEZA PERDIDA POR MEUS PARES?' FALOU GUSTAVO NUM TOM DE VOZ OFENDIDO.
'-ORA, DESCULPE. EU NÃO TINHA A INTENÇÃO DE MAGOÁ-LO. É SÓ QUE É DIFERENTE. MAS... EU... GOSTO!'
UM SORRISO ENCANTADOR SE ABRIU NO ROSTO DE GUSTAVO QUE MURMUROU
'-ENTÃO VAMOS, MADAMOSELLE.'
AMANDA RIU NOVAMENTE E O ACOMPANHOU. FORAM CONVERSANDO AMENIDADES ATÉ CHEGAR AO CHICO'S, UM BAR MUITO ACONCHEGANTE E FREQUENTADO PELA NATA DA SOCIEDADE.
O BAR TINHA VÁRIOS AMBIENTES. O GRANDE SALÃO DO RESTAURANTE, OSTENSIVAMENTE ILUMINADO ONDE UM CARDÁPIO REFINADO COMANDADO PELO GOURMET FRANCÊS CLAUDE DELPHINE ERA UM SUCESSO. A VARANDA COM VISTA PARA O MAR PERMITIA UMA NOITE MAIS DESPOJADA. NO SALÃO DE JOGOS OS DARDOS, A SINUCA E O ESTANDE DE TIROS GARANTIAM A DIVERSÃO AOS AFICCIONADOS POR ESPORTES RADICAIS. E O PIANO BAR, ONDE OS FREQUENTADORES PODIAM APRECIAR A BOA MÚSICA NO BALCÃO OU NAS MESAS.
GUSTAVO GOSTAVA PARTICULARMENTE DO PIANO BAR ONDE A ATMOSFERA LEMBRAVA OS CAFÉS PARISIENSES, COM AS MESINHAS REDONDAS PEQUENAS E AS CADEIRAS COLOCADAS LADO A LADO A MODA EUROPÉIA, A ILUMINAÇÃO INDIRETA ENCHIA O AR DE UMA PENUMBRA APROPRIADA PARA AS NOITES ROMÂNTICAS.
O MANOBRISTA ABRIU AS PORTAS DO JEEP E ELES SALTARAM. AMANDA NÃO PODE DEIXAR DE NOTAR O OLHAR DE SURPRESA QUE ELE LHE DIRIGIU, MAS JULGANDO QUE HAVIA SIDO SOMENTE IMPRESSÃO DEU DE OMBROS. NA ENTRADA O RECEPCIONISTA CUMPRIMENTOU GUSTAVO PELO PRIMEIRO NOME E EXIBIU UMA FAMILIARIDADE SOMENTE DISPENSADA AOS CLIENTES USUAIS. MAS NOVAMENTE ELA NOTOU AQUELE OLHAR DE SURPRESA DIRIGIDO A SI, COMEÇOU A FICAR DESCONFORTAVEL. O METRE CUMPRIMENTOU GUSTAVO TAMBÉM COM FAMILIARIDADE.
'-BOA NOITE Sr. GUSTAVO, SENHORITA.'
'-BOA NOITE, ROBERTO.'
'-SUA MESA ESTÁ PRONTA.' FALOU O METRE SE DIRIGINDO A MESA SITUADA NO FUNDO DO BAR PROXIMO AO PIANO, ONDE ELE ACOMODOU O CASAL.
'-O DE SEMPRE?'
'-SIM, ROBERTO. E PARA A SENHORITA UMA DUVEL.'
'-POIS NÃO.' O METRE SE RETIROU, MAS AMANDA NÃO PODE DEIXAR DE PERCEBER QUE ELE TAMBÉM TINHA AQUELE OLHAR DE SURPRESA.
AGORA ERA DEMAIS. O QUE ESTARIA ACONTECENDO? PORQUE TODO AQUELE ESPANTO? SERÁ QUE ELE ERA CASADO? NÃO. ISTO TODO MUNDO SABIA, ELE HAVIA ROMPIDO O RELACIONAMENTO COM AQUELA ATRIZ. OU SERÁ QUE NÃO? ERA UMA SENSAÇÃO DESAGRADAVEL ESTA. MAS ELA NÃO TINHA CORAGEM DE PERGUNTAR. O QUE ESTARIA ACONTECENDO? GUSTAVO TAMBÉM HAVIA PERCEBIDO OS OLHARES DE SURPRESA E NOTARA O DESCONFORTO EXPERIMENTADO POR AMANDA.
'-AMANDA. ESTA CARA DE SURPRESA QUE VOCE TAMBÉM DEVE TER PERCEBIDO EM TODOS, TEM UM MOTIVO MUITO SIMPLES...' COMEÇOU GUSTAVO.
'-HUM!' FEZ AMANDA FINGINDO INDIFERENÇA.
'-ESTA É O MEU BAR PREDILETO. EU VENHO AQUI DESDE QUE ME MUDEI PARA SANTA LUZIA. CONHEÇO TODOS AQUI, JÁ CURTI MUITOS FRACASSOS, FOSSAS, AFOGUEI TODAS AS MINHAS MÁGOAS NESTA MESA, AO SOM DESTE PIANO. MAS NUNCA, NUNCA ANTES ESTIVE AQUI ACOMPANHADO.'
'-POR QUÊ?' INTERROGOU AMANDA CURIOSA.
'-PORQUE AQUI É O MEU CANTINHO. É O MEU RECANTO. QUANDO PRESCISO FICAR SÓ, É PRA CÁ QUE EU CORRO.'
'-PORQUE EU?'
'-PORQUE VOCÊ É A MULHER DA MINHA VIDA. EU QUERO QUE VOCÊ COMPARTILHE DE TODOS OS MEUS SEGREDOS.'
ELE TINHA UM AR TÃO SERIO QUANDO PROFERIU ESTAS PALAVRAS QUE AMANDA SENTIU TUDO A SUA VOLTA RODAR. ABAIXOU A CABEÇA E RESPIROU FUNDO, SÓ ENTÃO SE SENTIU UM POUCO MELHOR. NESTE MOMENTO O GARSON APARECEU TRAZENDO AS BEBIDAS. AMANDA SORVEU UM GRANDE GOLE DA CEREJA AMARGA E ISTO PARECEU ACALMÁ-LA.
'-VOCÊ MAL ME CONHECE?'
'-ENGRAÇADO, EU ME DISSE A MESMA COISA. COMO POSSO TER ACABADO DE CONHECÊ-LA E AINDA ASSIM TER A SENSAÇÃO DE QUE A CONHEÇO HÁ ANOS.'
AMANDA FICOU MUDA. A CONVERÇA ESTAVA TOMANDO RUMOS INESPERADOS. AQUELA ONDA DE MEDO VOLTOU A DOMINÁ-LA. GUSTAVO TAMBÉM PERCEBEU O SEU ESTADO.
'-OLHA ME DESCULPE. EU NÃO QUERIA ASSUSTÁ-LA. MAS É O QUE EU SINTO. VAMOS DAR TEMPO AO TEMPO, E APROVEITAR O JANTAR, OK!'
'-TUDO BEM, ME DESCULPE. MAS É QUE VOCÊ ME ASSUSTOU MESMO.'
ELE TOCOU-LHE DISCRETAMENTE A MÃO, COM UMA LEVE PRESSÃO COMO QUE A ENCORAJÁ-LA. O PIANISTA ENTROU NO SALÃO E ANTES DE ASSUMIR SEU POSTO FOI ATÉ A MESA DE NÚMERO UM.
'-BOA NOITE. ORA, ORA, MAS O QUE EU VEJO AQUI? SERÁ QUE ESTOU SONHADO? OLHA QUE EU NÃO BEBI NADINHA.'
'-BOA NOITE, FRANK. NÃO É SONHO NÃO. ESTA É AMANDA, UMA... UMA... AMIGA.' APRESENTOU GUSTAVO.
'-ENCANTADO.'
'-IGUALMENTE.'
'-AMANDA, OLHA, A COISA DEVE SER SERIA MESMO. É A PRIMEIRA VEZ QUE VEJO ESTE CARA TRAZER ALGUÉM AQUI.'
AMANDA SORRIU SEM GRAÇA.
'-BEM POMBINHOS, EU TENHO QUE IR TRABALHAR. DIVIRTAM-SE.'
O PIANISTA SENTOU DIANTE DE SEU INSTRUMENTO DE TRABALHO, DEDILHOU DELICADAMENTE O TECLADO PARA VERIFICAR SE ESTAVA AFINADO E SE APRESENTOU.
'-BOA NOITE! SENHORAS E SENHORES. EU SOU FRANK, ESPERO PROPORCIONAR-LHES UMA NOITE AGRADAVEL AQUI. PEÇO LICENÇA AOS SENHORES PARA COMEÇAR A NOITE COM UMA OFERTA ESPECIAL. ESTÁ CANÇÃO VAI PARA UM CASAL DE AMIGOS, PRA QUEBRAR O GELO...' ELE INICIOU OS ACORDES DE "FOTOGRAFIA" E SUA VOZ SUAVE COMEÇOU A ENTOAR A CANÇÃO:
'EU, VOCÊ, NÓS DOIS
AQUI NESTE TERRAÇO A BEIRA-MAR...'
'-HUM, ADORO ESTA MÚSICA.' SUSSURROU AMANDA.
'-EU TAMBÉM.'
GUSTAVO VIROU-SE DE FRENTE PARA ELA, OS OLHOS VERDES FITANDO-A COM EXPRESSÃO APAIXONADA. DEIXOU AS MÃOS ESCORREGAREM LENTAMENTE ATÉ SEGURAR AS MÃOS DE AMANDA ENTRE AS SUAS. PERMENECERAM ASSIM, EM SILENCIO, TROCANDO OLHARES ENQUANTO A MELODIA ECOAVA. A TENSÃO CRESCENDO ENTRE ELES. HAVIA TAMBÉM UM RECEIO DE QUE QUALQUER MOVIMENTO PODERIA QUEBRAR O ENCANTO DAQUELE MOMENTO MÁGICO. PORQUE ELE NÃO ME BEIJA? EU ESTOU LOUCA DE DESEJO. SERÁ QUE DEVO BEIJÁ-LA? E SE ELA NÃO GOSTAR? QUASE QUE INSTINTIVAMENTE E SEM SE DAREM CONTA AS BOCAS SE APROXIMARAM. PRIMEIRO UM LEVE ROÇAR DE LÁBIOS ARDENTES, PROCURANDO-SE COMO SE AQUILO FOSSE A BUSCA DE UMA VIDA INTEIRA. OS HÁLITOS QUENTES E ARDENTES TROCADOS COMO CARICIAS SUAVES. POUCO A POUCO AS LINGUAS COMEÇARAM A BRINCAR NUM BALET DE CIRCULOS E VOLUPIA, E UMA SENSAÇÃO DE PRAZER IMENSO INUNDOU AQUELES CORPOS QUE AGORA ESTAVAM MAIS PROXIMOS. GUSTAVO LEVANTOU AS MÃOS E SEGUROU O ROSTO DE AMANDA COMO SE TIVESSE MEDO DE QUE ELA LHE FOSSE FUGIR. AS BOCAS AINDA UNIDAS NO INTERMINAVEL BEIJO. ELA DEIXOU AS MÃOS POUSAREM FROUXAS EM VOLTA DO PESCOÇO DELE. AO FUNDO OS ACORDES FINAIS DA CANÇÃO:
'...E VEIO AQUELE BEIJO,
AQUELE BEIJO, AQUELE BEIJO....'
QUANDO QUASE SEM FOLEGO AS BOCAS SE SEPARARAM, ELES AINDA NÃO ESTAVAM SATISFEITOS E UMA INFINIDADE DE BEIJINHOS RÁPIDOS, LEVES CARICIAS NO CANTO DOS LABIOS, NO NARIZ, PRÓXIMO DAS ORELHAS, FORAM TROCADOS. AMANDA TOCOU DE LEVE O ROSTO DE GUSTAVO NUMA CARICIA DISCRETA E CONTIDA COMO ERA SEU COSTUME. ELE SEGUROU-LHE A MÃO E BEIJOU. PERMANECERAM ASSIM AINDA ALGUNS MINUTOS, CALADOS, CONTEMPLANDO-SE MUTUAMENTE. COMO SE QUISESSEM TER CERTEZA DE QUE AQUILO ERA REAL. NENHUM DOS DOIS TINHA SE DADO CONTA DE COMO HAVIAM SENTIDO FALTA DAQUELAS SENSAÇÕES NOS ÚLTIMOS MESES.
'-VAMOS DANÇAR?'
ELA ACEITOU COM UM MENIO DE CABEÇA. NO SALÃO AONDE JÁ HAVIA UNS POUCOS CASAIS ELE APERTOU SEU CORPO CONTRA O DELA, DESTA VEZ COM MAIS VIGOR, ENLAÇANDO-LHE A CINTURA E A CONDUZINDO NO COMPASSO DA DANÇA. ELA RETRIBUIU ENVOLVENDO-LHE O PESCOÇO COM OS BRAÇOS E SE DEIXANDO LEVAR PELO SALÃO, SENTINDO O CONTORNO DO SEU CORPO MASCULO CONTRA O DELA.
PEDIRAM O JANTAR ENQUANTO CONVERSAVAM ANIMADAMENTE, GUSTAVO SUGERIU FILET COM BATATAS CORADAS E MOLHO DE COGUMELOS, QUE ERA A ESPECIALIDADE DA CASA. ESTAVA DELICIOSO. DANÇARAM MAIS ALGUMAS VEZES, SE BEIJARAM OUTRAS TANTAS, ATÉ QUE AMANDA LAMENTOU, MAS ACHOU QUE SERIA HORA DE PARTIR.
'-NOSSA JÁ É QUASE MEIA-NOITE. EU PRESCISO REALMENTE IR.'
'-POR QUÊ? SERÁ QUE A CINDERELA VAI VIRAR GATA BORRALHEIRA?' BRINCOU GUSTAVO DIVERTIDO
'-ENGRAÇADINHO. GATA-BORRALHEIRA, NÃO. MAS SE EU ME DEITAR MUITO TARDE, AMANHÃ NO LUGAR DE MÉDICO TEREMOS MONSTRO NO HOSPITAL.'
OS DOIS RIRAM DA BRINCADEIRA, E GUSTAVO BEIJOU-A SUAVEMENTE ANTES DE PEDIR A CONTA. QUANDO CHEGARAM AO EDIFIO DE AMANDA ELA NÃO TEVE DÚVIDAS EM CONVIDÁ-LO PARA UM ÚLTIMO DRINK, E ELE PRONTAMENTE ACEITOU.
'-SEU APARTAMENTO É UMA GRAÇA.'
'-É MESMO.'
'-HUM, CONVENCIDA.'
ELA NÃO RESPONDEU. COLOCOU MÚSICA NO CD E PERGUNTOU
'-O QUE VAI SER?'
'-VOU FICAR NO WISK MESMO.'
'-SÓ GELO?'
'-SIM. SÃO SEUS PAIS?'
AMANDA VIROU-SE E PERCEBEU QUE ELE CONTEMPLAVA O RETRATO NA ESTANTE
'-MEUS PAIS E MEU IRMÃO.'
'-NOSSA! VOCÊ GOSTA MESMO DE LER.' FALOU GUSTAVO APRECIANDO O GRANDE NÚMERO DE TITULOS ESPALHADOS
'-ADORO, ACHO QUE É UMA DAS MINHAS PAIXÕES.'
ELA SE SENTOU NO SOFÁ E CONVIDOU-O A ACOMPANHÁ-LA, TOMANDO TAMÉM UM WISK. TÃO LOGO SE SENTOU AO SEU LADO ELE POUSOU O COPO NA MESINHA EM FRENTE E ENVOLVEU-A NUM ABRAÇO ARDENTE E BEIJOU-A COM IMENSO DESEJO. ELA RETRIBUIU O BEIJO E SE ESPANTOU COM A SENSAÇÃO QUE ELE LHE HAVIA DESPERTADO. AFASTOU-SE DISCRETAMENTE, CONFUSA, TOMOU UM GRANDE GOLE DE WISK E COLOCOU O COPO EM CIMA DA MESA. ELE TOMOU-LHE AMBAS AS MÃOS E FITOU-A BEM DENTRO DOS OLHOS.
'-EU JÁ FALEI QUE VOCÊ ESTÁ LINDA?'
AMANDA SORRIU SEM GRAÇA COM O ELOGIO.
'-NÃO. VOCÊ É LINDA E ESTÁ AINDA MAIS LINDA HOJE.' ELE FALOU ENQUANTO CORRIA AS MÃOS PELOS CABELOS DELA. E MAIS UMA VEZ BEIJOU-A CHEIO DE DESEJO.
AS MÃOS DELE ESCORRAGARAM PARA SUAS COSTAS NUAS ALISANDO-AS SENSUALMENTE. ELA PERCEBEU TODO O DESEJO SE CONCENTRAR NAS CARICIAS DELICIOSAS DE SUA LINGUA E NA PRESSÃO DO SEXO DELE CONTRA SEU CORPO.
'-NÃO! POR FAVOR!' GRITOU ANGUSTIADA AFASTANDO-SE E ENTERRANDO O ROSTO NAS MÃOS.
'-DESCULPE.' MURMUROU GUSTAVO ATORDOADO SEM SABER COMO REAGIR.
'-EU... EU... É QUE DEVO ME DESCULPAR.OH! GUSTAVO... DESCULPE-ME...'
'-TUDO BEM. É SÓ QUE VOCÊ TAMBÉM PARECIA QUERER...'
'-EU SEI. ACHO QUE DEI A IMPRESSÃO ERRADA. AH! ESTOU TÃO CONFUSA... ACHO QUE AGORA CONSEGUI PIORAR TUDO...'
'-NÃO, TUDO BEM.' MAS ELE ESTAVA ATORDOADO. ELA CORRESPONDERA AO SEU BEIJO COM TANTO ARDOR. PARECIA ESTAR DESEJANDO-O TANTO.
'-OLHA ME DESCULPE. NÃO ME ENTENDA MAL. MAS EU SOU MEIO CONSERVADORA E... ACHO QUE ENCARO ESTAS COISAS DE SEXO COM UM POUCO DE FANTASIA...' ELA PARECIA RELUTANTE E ELE A FITAVA TENTANDO ENTENDER A SUA MENSAGEM.
'-FANTASIA?!?'
'-É... AH!... OLHA... EU SEI QUE PARECE ANTIQUADRO, MAS... EU PRESCISO DE ROMANCE PARA IR PRA CAMA COM ALGUEM. SABE... EU PRESCISO SABER QUE VOCÊ É O HOMEM CERTO, PRESCISO SABER QUE ESTOU REALMENTE GOSTANDO DE VOCÊ. AI... CADA VEZ... PARECE QUE FICA PIOR... QUANTO MAIS EU TENTO ME EXPLICAR...'
'-TUDO BEM, TUDO BEM.’ E GUSTAVO ARMOU O SEU SORRISO MAIS ENCANTADOR. ‘- NÃO PRESCISA SE ENVERGONHAR. E NEM DAR TANTAS EXPLICAÇÕES, VOCÊ NÃO ESTÁ PRONTA. EU ENTENDO E RESPEITO.'
ELA SORRIU MAIS ALIVIADA.
'-OLHA, EU QUERO QUE VOCÊ SAIBA DE UMA COISA, EU NÃO ESTAVA BRINCANDO QUANDO DISSE QUE VOCÊ É A MULHER DA MINHA VIDA. NÃO SE APRESSE, EU ESPERO. EU QUERO VOCÊ, NÃO POSSO NEGAR. MAS... SÓ SE VOCÊ ESTIVER PRONTA.'
'-OBRIGADO.' FOI SÓ O QUE ELA CONSEGUIU DIZER.
ELE SENTIU QUE A TENSÃO TINHA CHEGADO AO SEU PONTO MÁXIMO. ELA PRESCISAVA DE TEMPO, FICAR SOZINHA E DIGERIR TODO O ACONTECIDO. ELE FOI SENSÍVEL O SUFICIENTE PARA PERCEBER QUE ESTAVA NA HORA DE PARTIR ENQUANTO SORVIA O RESTANTE DO SEU WISK.
'-ACHO QUE ESTÁ NA HORA DE IR. ESTÁ TARDE E AMANHÃ TEREMOS UM DIA CHEIO.' BEIJOU-A SUAVEMENTE NOS LÁBIOS. ‘- NÃO SE PREOCUPE EU SEI O CAMINHO.'
OS OLHOS DE AMANDA ENCHERAM-SE DE LÁGRIMAS COM A DELICADEZA DO GESTO E ELA NÃO FEZ NENHUM ESFORÇO PARA CONTE-LAS. AFUNDOU-SE NA POLTRONA E PERMANECEU ALI, IMOVEL, PERDIDA EM SEUS PENSAMENTOS, AS LÁGRIMAS INUNDANDO O SEU ROSTO. LÁGRIMAS AMARGAS, TODAS AS QUE NÃO HAVIA CHORADO MESES ANTES APÓS O FIM DE SEU RELACIONAMENTO COM PEDRO ANTONIO.
JÁ ERA ALTA MADRUGADA QUANDO ELA ACORDOU CONFUSA, O CORPO RECLAMANDO AS HORAS PASSADAS NO SOFÁ. OLHOU O RELÓGIO ERAM TRÊS E TRINTA. ENTÃO TODOS OS ACONTECIMENTOS DAQUELE FIM DE NOITE VOLTARAM-LHE A MENTE, MAIS UMA VEZ SEUS OLHOS SE ENCHERAM DE LÁGRIMAS. PORQUE ELA NÃO ERA COMO REBECA? PORQUE TINHA QUE TER TODA ESTA FANTASIA? PORQUE TODO ESTE SACRIFÍCIO PARA IR PRA CAMA COM ALGUÉM? ROMÂNCE? O HOMEM CERTO? NADA DISSO TINHA EVITADO QUE ELA SE DECEPICIONASSE ATÉ AGORA. ELE ERA ATRAENTE. NÃO, SEXY E ELA O TINHA DESEJADO, PORQUE NÃO PODIA SIMPLISMENTE TER CORRESPONDIDO AO SEU DESEJO E FEITO SEXO COM ELE?... E AGORA? O QUE ELE ESTARIA PENSANDO? DOIA IMAGINAR QUE HÁ MUITO TEMPO NÃO CONHECIA UM HOMEM TÃO ENCANTADOR, TÃO GENTIL. E AGORA... TUDO ESTAVA PERDIDO... ELE HAVIA DITO QUE IRIA ESPERÁ-LA, MAS... SERÁ?... ELE É TÃO... ASSEDIADO. MILHARES DE MULHERES DARIAM TUDO PARA ESTAR NO SEU LUGAR, E ELA SIMPLISMENTE O AFASTARA. COM AQUELA DESCULPA RIDÍCULA DE ROMÂNCE.
MAS, ENQUANTO A ÁGUA MORNA CAIA SOBRE SEU CORPO, AMANDA SENTIU SUAS TENSÕES SE ALIVIAREM. NÃO ERA TOLICE, NEM MESMO DESCULPA RIDÍCULA, ERA ELA. E ELA SABIA QUE NÃO CONSEGUIRIA SE ENTREGAR A UM HOMEM ATÉ TER CERTEZA DE QUE ELE ERA O HOMEM DE SUA VIDA, MESMO QUE DEPOIS FOSSE DOLOROSO DESCOBRIR QUE SUA CERTEZA ESTIVERA ERRADA, MAS ERA ASSIM QUE ELA ENCARAVA O AMOR E O SEXO, COMO DUAS FACES DA MESMA MOEDA. NA ÚNICA VEZ EM QUE TENTOU ABANDONAR ESTA CONVICÇÃO SE SENTIRA COMPLETAMENTE VAZIA E NÃO CONSEGUIRA OBTER NENHUM PRAZER. PROMETERA A SI MESMA NUNCA MAIS IGNORAR SUAS CONVICÇÕES.
ACABOU O BANHO JÁ SE SENTINDO MAIS RELAXADA. DEITOU E FORÇOU-SE A DORMIR, POIS SABIA QUE TERIA UM DIA LONGO PELA FRENTE. POR VOLTA DAS SETE HORAS FOI ACORDADA PELO SOM ESTRIDENTE DO INTERFONE. FOI ATÉ A COZINHA E ATENDEU.
'-BOM DIA, DRA AMANDA.'
'-BOM DIA AFONSO. O QUE É?'
'-UM ENTREGADOR DE FLORES.'
'-BEM, MANDE-O SUBIR.'
AMANDA VESTIU O ROBI PRETO POR CIMA DA CAMISOLA E FOI ATENDER A PORTA. DEU UMA GORGETA AO RAPAZ E LEVOU O BOQUET DE ROSAS BRANCAS PARA DENTRO. PROCUROU ANCIOSA O CARTAOZINHO NO MEIO DAS FLORES E COM UMA ENORME URGENCIA ABRIO-O.
"BOM DIA, MEU AMOR!
OBRIGADO PELA NOITE MARAVILHOSA,
AINDA MAIS APAIXONADO POR VOCÊ.
GUSTAVO."
SEUS OLHOS FICARAM MAREJADOS E ELA IA COMEÇAR A CHORAR QUANDO O TELEFONE TOCOU.
'-BOM DIA, MEU AMOR!' SOOU A VOZ FIRME E SENSUAL DO OUTRO LADO DA LINHA
'-AH! GUSTAVO... EU...' AMANDA FICOU COMPLETAMENTE EMBARAÇADA E SEM SABER O QUE FALAR.
'-VEJO QUE VOCÊ JÁ RECEBEU MINHAS FLORES.'
'-ACABEI DE RECEBER. SÃO... LINDAS. E... OBRIGADO.'
'-POR QUÊ?'
'-POR TUDO. POR TER ME ENTENDIDO, PELAS FLORES, POR TUDO.'
'-DEIXA DE BOBAGEM. QUE TAL SE NÓS FOSSEMOS AO CINEMA HOJE?'
'-EU ADORARIA.'
'-ENTÃO PASSO PRA TE PEGAR, BEIJOS.'
ELA DESLIGOU ATONITA. AQUILO NÃO PODIA ESTAR ACONTECENDO. ERA TUDO BOM DEMAIS. AQUELE HOMEM ERA UMA FANTASIA. NÃO PODIA SER REAL. LIGOU IMEDIATAMENTE PARA A AMIGA E PERGUNTOU SE ELAS PODIAM ALMOÇAR JUNTAS. REBECA ADOROU, ESTAVA CURIOSÍSSIMAS PARA SABER DETALHES DO ENCONTRO.
***
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário